"O alerta tem o propósito de contribuir para a montagem de estratégia para enfrentar os próximos dois anos, que certamente serão difíceis para os servidores.
O servidor público e suas
entidades representativas vão precisar intensificar a pressão sobre o governo
da presidente Dilma para evitar que seus direitos e vantagens sejam congelados
ou escolhidos como variável do ajuste que virá nos dois primeiros anos da nova
gestão.
Todos sabemos que a presidente,
em razão das políticas anticíclicas adotadas para amenizar os efeitos negativos
da crise internacional sobre o País, terá que promover ajustes nas contas
públicas, de um lado atualizando as tarifas públicas represadas nesse período
e, de outro, cortando gastos correntes, tanto para equilibrar as contas públicas,
quanto para evitar novas altas nas taxas de juros.
Registre-se, por dever de
justiça, que qualquer presidente que fosse eleito teria que promover tal
ajuste. Os compromissos políticos e ideológicos do governante e de suas equipes
é que definiriam a amplitude e intensidade do ajuste, bem como quem ou que
setores escolher como variável do ajuste.
O objetivo a ser perseguido é que
o aumento das tarifas públicas se dê de forma gradual, para não sufocar o
orçamento das famílias, e o ajuste nas contas públicas seja seletivo,
preservando os programas sociais, os investimentos em infraestrutura, e
assegurando, inclusive com reposição das defasagens, o poder de compra dos
salários dos servidores, que têm caráter alimentar.
Tudo leva a crer que haverá uma
grande disputa na sociedade e no interior do governo para se proteger dos
cortes, e os servidores e suas entidades precisam agir preventivamente. Devem
buscar interlocução e diálogo com a equipe que se relaciona com as entidades de
servidores (MPOG, Casa Civil e Secretaria-Geral da Presidência) e pressionar as
autoridades, sob pena de mais uma vez serem escolhidos como variável do ajuste.
Nesse diapasão, os servidores e
suas entidades devem organizar uma agenda positiva, de caráter propositivo, e
outra negativa ou reativa para poder orientar sua estratégia nessa disputa.
A agenda positiva deve consistir, entre outras questões: 1) na
imediata regulamentação da Convenção 151 da OIT, que trata da negociação das
condições de trabalho no serviço público, 2) na defesa de uma política salarial
permanente, que reponha anualmente o poder de compra dos salários, 3) na
reposição dos efetivos das carreiras, promovendo os concursos públicos
necessários à recomposição de quadros, sem terceirização em funções típicas de
servidor público de carreira, 4) na regulamentação do artigo 37, inciso V, da
Constituição para limitar as situações de livre provimento, com valorização dos
servidores de carreira na ocupação dos cargos comissionados; 5) na isonomia de
vencimentos e benefícios dos servidores dos três poderes da União, e 6) na
aprovação da PEC 555/06, que extingue, de forma gradual, a contribuição dos
aposentados e pensionistas do serviço público.
Já na agenda reativa, os servidores e suas entidades devem, por todos os
meios, evitar que quatro ameaças se concretizem no próximo governo: 1) o
desmonte do Aparelho de Estado, seja substituindo contratação por
terceirização, seja substituindo órgão estatais por organizações sociais,
serviços sociais autônomos ou ONGs, na prestação de serviços públicos, 2) a
aprovação do PLP 92/07, que trata das fundações estatais; 3) a aprovação do PLP
248/98, que trata da dispensa por insuficiência de desempenho; e 4) a aprovação
dos PLPs 1/07 e 549/09, que limitam o aumento do gasto com pessoal, a fim de
evitar o crescimento de sua participação relativa na despesa. Ambos estão em
discussão na Câmara.
Fonte: DIAP, a partir
do Boletim Wagner Advogados Associados de 28/10/2014
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